quarta-feira, 15 de julho de 2009

Paleontologia.

Um crocodilo que media 12 metros do focinho à cauda > o equivalente à altura de um prédio de quatro andares - e nadava pelas águas do Rio Orinoco, na Venezuela, é uma das 20 espécies de animais que desapareceram do planeta milhões de anos atrás e só agora se tornarão conhecidas. O animal gigante foi apresentado no 2.º Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, que aconteceu no RJ em 2005. Das 20 "novas" espécies, 10 são dinossauros. As demais são mamíferos, répteis e peixes pré-históricos.

O evento serviu para que os paleontólogos discutissem seus trabalhos com colegas antes de publicá-los em revistas científicas internacionais.
O crocodilo venezuelano, que viveu há 8 milhões de anos, tem apenas o primeiro nome: Purussaurus. É primo de dois outros crocodilos também extintos, um brasileiro (Purussaurus brasiliensis) e um colombiano (Purussaurus neivensis).

Outra espécie que foi apresentada no congresso é uma pequena tartaruga, de 16 centímetros de comprimento, que conviveu com os dinossauros há 110 milhões de anos. É brasileira. Foi encontrada recentemente na região do Cariri, no Ceará, um dos mais importantes depósitos de fósseis do mundo.

CALENDÁRIO INTERNACIONAL

Organizado pelo Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o evento colocou o Brasil pela primeira vez no calendário internacional da paleontologia. Entre os participantes, estão pesquisadores de renome mundial, como o americano Paul Sereno, o inglês Michael Benton e o argentino Jorge Calvo.

Mais de 200 trabalhos - sobre novos animais, evolução das espécies, migração de dinossauros e até turismo científico - foram apresentados ao longo dos três dias, num hotel da Praia de Copacabana. O 1.º Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados ocorreu em 2002, no Chile.

CAÇA AOS FÓSSEIS

Paleontólogos são pesquisadores na maioria das vezes graduados em biologia ou geologia cujo trabalho é sair em expedições atrás de vestígios de animais ou vegetais que foram conservados ao longo do tempo. A idade do objeto costuma ser calculada por meio da datação das camadas de rocha que o envolvem. Uma das partes mais difíceis do trabalho é separar fóssil e rocha, para que ele possa ser estudado no laboratório. O casco da tartaruga encontrada no Ceará, por exemplo, foi tratado durante oito meses e ainda não está completamente livre das rochas.

Num dos simpósios do congresso, foi debatido o uso de novas tecnologias no reconhecimento dos fósseis, como aparelhos de tomografia e de escaneamento a laser. Até a robótica foi apresentada no evento, como forma de ajudar a compreender como os animais que não existem mais se movimentavam. O argentino Hugo Pailos, do Laboratório de Animatrônica da Universidade Nacional de Córdoba, apresentau um dos animais mais esperados do congresso: um robô em tamanho real do Tapejara imperator, um pterossauro (réptil voador). Também foi exposto a réplica do Microraptor, um minúsculo dinossauro com penas.

Para os participantes brasileiros, o congresso foi importante para tornar mais conhecida e incentivar a paleontologia no País.

"Existe muita coisa sobre o nosso passado que ainda não foi descoberta", diz o professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Douglas Riff, um dos paleontólogos que estudaram o crocodilo da Venezuela. "Mas ainda falta dinheiro e incentivo do governo para que possamos sair mais a campo e encontrar novas espécies", completou o biólogo Gustavo Ribeiro de Oliveira, do Museu Nacional, o descobridor da tartaruga do Cariri.

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